ORAÇÃO ÀS AVESSAS

 ORAÇÃO ÀS AVESSAS

ORAÇÃO ÀS AVESSAS (por SÔNIA MOURA)

Palavras pesam
E podem ferir um coração
Não quero te deixar
E nem quero ficar
Eis o mistério de amar

De dentro do baú empoeirado
Saem palavras sangradas
Rolam correntes macabras
Correm rios desesperados
Descem lágrimas em aluvião
E eu, perdida, atordoada,
Procuro meu rosto na escuridão

Quero deixar-te ou não?
Interromper nossa aventura
Esquecer as nossas juras
Impossível
Sei que eu juro deixar-te
E te desconjuro por esse gostar
Enquanto tu, cinicamente, juras me amar

Maldigo o dia que te conheci
Bendigo a hora de te encontrar
Regozijo-me dos beijos que te dei
Mas, de uma coisa eu acho que sei:
Tu não és digno
De estar em minha morada
E nem de ter-me como sua amada

Dessa masmorra fria
Na qual doidamente me encerrei
Olho-te através das grades
Dessa prisão horrenda
Não porque me prendas

Prendo-me, arrependo-me e exagero
Simplesmente, porque te quero!

(Da obra: Súbitas Presenças, de Sônia Moura)

ORAÇÃO ÀS AVESSAS

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