ALÉM DO HORIZONTE

ALÉM DO HORIZONTE

Além do horizonte (Sônia Moura)

Depositou toda a sua certeza numa cesta e ancorou-a na linha do horizonte.
Mesmo com os olhos desertos, ela pôde conceder ao céu e à terra o poder de se tocarem e também pôde atender ao pedido da terra e do mar, para que estes confabulassem. Depois, apeou seu cavalo alado bem nas bordas do silêncio e ali ficou a degustar o canto da maré e a sentir a alegria da areia a cada compasso que as ondas faziam.
Segura do que queria, ou melhor, do que devia fazer, ouviu-se a si mesma, e conseguiu o improvável: enxergou além da linha do horizonte.
A partir daí, cantarolou uns versos de amor, “dessonhou”, disse olá à realidade e saiu sem pensar em mais nada, pois tudo o que foi vivido ficou perdido entre as linhas imaginárias da paixão.

(Da obra: Súbitas Presenças, de Sônia Moura)

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