Cama desarrumada (por Sônia Moura)
Mexeu-se lentamente sobre o colchão caloroso, sentiu o roçar de lençol entre as pernas, afagou o travesseiro, a cama toda desarrumada, mas não se levantou.
Sabia que precisava sair da cama, e quem disse que ela queria isso? Tão bom ficar no quentinho da coberta, no cheirinho do seu canto preferido…
Ele não estava ao lado dela, aliás quase nunca está, porém, assim como a cama que ela só visita na hora de dormir, quando ele a visita é como aquela cama aconchegante, gostosa, desejada e completamente desarrumada, mas que é feita para sonhar.
Ela bem sabe que precisa se afastar dele, mas quem disse que consegue sair daqueles braços, dos abraços, dos chamegos?
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E quem disse que ela quer desmanchar esse nó?
(Da obra: Coisas de Mulher de Sônia Moura)