ÊXODO

 ÊXODO

Êxodo  (por Sônia Moura)

 Esta semana, a televisão mostrou imagens impressionantes, chocantes e dolorosamente tristes para todos nós.

Nossos corações batiam forte, apavorados, tentando entender o que os nossos olhos assustados quase se negavam a registrar, mas, uma cena em particular chamou a minha atenção, em bando, desesperados, homens fugiam de uma favela para outra, tentando se livrar da polícia e, assim, quem sabe, salvar suas miseráveis vidas.

No primeiro momento, um misto de revolta, raiva, medo, preocupação e espanto se apossou de mim, depois, bateu uma tristeza muito, mas muito grande, pois, ver aquela cena dantesca, trouxe à baila realidades há muito escondidas.

Geralmente o êxodo está ligado a desgraças, massacres, perseguições, descasos, quase sempre, ele é provocado por situações muito dolorosas. Por exemplo, o grande êxodo bíblico –a saída dos hebreus do Egito; no Brasil, infelizmente é constante o êxodo do povo do nordeste para o sudeste, todos premidos por circunstâncias tão desumanas; o êxodo de mexicanos e outros mais da América do Sul que arriscam suas vidas, migrando para a América do Norte, em busca de uma vida melhor e, na atualidade, temos também o êxodo de jogadores e modelos, para a Europa, em busca da fama e do dinheiro.

A maioria foge a pé, em bandos, rotos, tristonhos, outros, em aviões, com sorrisos, pois já anteveem um futuro esplendoroso, ainda assim, seja como for, deixam para trás amigos, amantes, pais, sua terra e tanta coisa mais.

 Já faz um tempo que muitos dos nossos antepassados negros também fugiam, fazendo seu êxodo para os Quilombos ou mesmo para o meio da mata, a fim de se livrarem dos tristíssimos castigos a que eram submetidos e para desfrutarem a tão desejada liberdade.

Eram eles culpados por serem escravos ou eles eram apenas vítimas de uma escravidão política e social, assim, como estes homens, quase todos negros ou mulatos, também vítimas da desigualdade social e dos maus tratos emocionais a que são submetidos?

Diferente das outras histórias sobre o êxodo, a diáspora desta semana era muito especial, aqueles homens fugiam de si mesmos, de suas vidas atrapalhadas, pareciam ratos, eram ratos, eram restos.

 Claro que todos estamos indignados, claro que todos estamos revoltados, e, em nossos corações será muito difícil enroscar-se um pouco de piedade, mas, sabemos que por trás destes pobres diabos, que se sentem tão “poderosos”, mas que são tão-somente “bois de piranha”, que estão ali para morrerem, para aparecerem na mídia e para serem penalizados. Agora eu pergunto: – Onde estão os verdadeiros chefes destes bandos? Onde estão aqueles que sevam estas criaturas com fantasias de poder, para que depois eles sejam “sacrificados”, em nome do “deus maior” – a droga.

 Cristo Redentor, olhe por nossa CIDADE MARAVILHOSA!

 **Deixo bem claro que nada disto tira de nós a revolta pelos crimes que estes excluídos praticaram, apenas vieram-me à memória fatos históricos que facilmente poderão nos fazer entender (não aceitar), tudo o que está acontecendo.

 ÊXODO

 

 

 


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