LUZ NA ESCURIDÃO

 

 

 LUZ NA ESCURIDÃO

 

LUZ NA ESCURIDÃO  (Autoria: SÔNIA MOURA)

 

Eram sombras que caminhavam lentamente, arrastando-se na luz do dia como se estivessem em meio a mais forte escuridão.

Os passos seguiam como se os pés estivessem envolvidos por fortes correntes.

De repente… ouviu-se ao longe um estampido e um deles foi ao chão. Os outros pareciam não perceber o que acontecera e, assim, prosseguiram em sua caminhada, arrastando seus pés em meio a quase total escuridão de um dia ensolarado.

Deixando para trás seus rastros, suas marcas e um corpo estendido no chão, os homens prosseguiram em busca do nada, sem sequer olhar para o que estava a sua volta.

Num dado momento, um sino toca ao longo anunciando que alguém havia morrido no lugarejo que parecia também não enxergar aqueles homens e seus aspectos sinistros.

Tudo tornou-se silêncio.

O sol se escondeu por trás de uma nuvem pesada, que surgiu como se fosse do nada.

Tudo era muito estranho.

Neste momento, mais um corpo bate com força no solo e, mais uma vez,  nenhum dos acompanhantes se volta para olhar ou socorrer aquele que iria ficar para trás.

E assim foi até o último figurante desaparecer da fila, despencando no chão duro daquele tarde a qual ninguém parecia enxergar.

Mais tarde, um velho de uma outra aldeia me contou que este era um ensaio sobre a vida e a morte.

Ele me disse que nós não percebemos, mas é deste modo que acontece, seguimos todos caminhando entre a luz e a escuridão, até que um dia tombamos. Os outros precisam continuar.

 

 

(Do livro: Doze Homens Contam de Sônia Moura)

 

LUZ NA ESCURIDÃO

 

 

 

 

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