Sobraram raízes
Daquela paixão
Em forma de voz,
Em forma de tom
Do som do seu riso,
Da falta de siso
Nasceram frutos
Com gosto de orvalho
E troncos tão fortes
Mas galhos tão frágeis
Que isolaram a razão,
Violaram a emoção
Criaram espaços sombrios
Invadiram meus poros
Trouxeram arrepio
Deixaram minh´alma
À flor da pele
Tiraram minha vida do sério,
Misturando a verdade e o mistério
Rasguei minha alma,
Entreguei-me a um pranto
Que formou mil rios
E em meu desvario
Vi estrelas cadentes
Como beijos ardentes
Sonhei acordada
Caminhei por uma estrada
Que pensei ser o tudo
Mas que me levou ao nada
Lutei, quis fugir,
E não consegui
Voltei aos seus braços
Chorei e sorri
Fui tola e sábia
Ouvi mil palavras
E um castelo montei
A você coroei
Como único Rei
E a mim proclamei
Sua abelha rainha
O amor recendia
A paixão renascia
E reinava a alegria
Mas, ao certo não sei,
Se vivi ou sonhei
(Da obra: Coisas de Adão e Eva, de Sônia moura)